Ser...




Despojado na calçada
esse sentimento alado
que resvala de alma em alma
pedante
caduco
herdeiro das folias errantes
fugidio da sanidade sã
da luz do dia
Esconde-se por trás da noite
qual criatura sombria
macabra
esguia
Torturado pela beatitude
amante da aberração lírica
joga na penumbra o seu charme
atraindo a Si a mais ingénua cria






Sonho




Tudo é negro
menos os nossos olhos
que dardejam luz
como o reflexo do sol
no mar salgado
por entre as ondas
que embalam
a sereia
feiticeira
dos marinheiros sonhadores
que na sua voz procuram
a doçura
a ternura
o encanto
dos sonhos perdidos
outrora vividos
ao som do búzio rouco
das histórias do pirata louco
como uma droga
que nos ilumina a mente
que enche a noite
num sorriso permanente
até ao romper da aurora
até ao fim desta
história